Via Marcha Mundial das Mulheres

Vem chegando o IV Encontro Nacional de Agroecologia, ENA. Entre os dias 31 de maio e 3 de junho, o parque municipal da cidade de Belo Horizonte vai receber mais de duas mil pessoas de todo o território brasileiro para debater: “Agroecologia e Democracia unindo campo e cidade”. E as mulheres rurais, urbanas, e dos povos e comunidades tradicionais, envolvidas em todo o processo de construção do IV ENA, são protagonistas desta luta.

Em meio aos retrocessos de direitos impostos ao povo brasileiro através do golpe político, jurídico e midiático concretizado em 2016, o chamado do IV ENA a discutir e defender a agroecologia e a democracia unindo campo e cidade traz o desafio de construir caminhos para barrar e recuar os retrocessos e avançar nos direitos e soberania popular.

Em todo o país, as mulheres assumem diversas trincheiras em defesa da democracia por acreditar que é por meio dela que se pode disputar mudanças na sociedade, e na luta agroecológica por compreender que feminismo e agroecologia andam lado a lado na construção de um mesmo projeto de transformação da sociedade.

Por um lado, o golpe vem recolocando o Brasil numa posição mais subordinada aos interesses do setor financeiro internacional e às grandes transnacionais do setor energético e agroalimentares, fazendo assim que a classe trabalhadora pague por uma crise que é parte do sistema capitalista, atingindo diretamente as pessoas mais vulneráveis da nossa sociedade: mulheres, jovens, negros e negras, LGBTs, camponeses/as, agricultores/as familiares e povos e comunidades tradicionais, em toda a sua diversidade. Neste sentido, é fundamental denunciar a retirada de direitos e apresentar a agroecologia como modelo de desenvolvimento a serviço do povo e da sustentabilidade da vida.

Por outro, como ciência, movimento e prática, a agroecologia se propõe a atuar no enfrentamento da exploração das grandes empresas sobre os territórios, na produção e consumo de alimentos saudáveis a partir do uso e manejo sustentável dos agroecossistemas e na promoção de relações justas, igualitárias e equilibradas entre as pessoas e a natureza. Para modificar as relações, é preciso que a agroecologia se some na luta feminista para alterar a divisão sexual do trabalho, valorizando e reconhecendo as atividades produtivas e reprodutivas das mulheres, e, mais do que isso, buscando a sua justa divisão, em especial do trabalho doméstico e de cuidados.

Pela autonomia das mulheres sobre suas vidas e seus territórios, sem violência nas casas, ruas, roçados e espaços coletivos dos movimentos sociais e agroecológicos, as mulheres do IV ENA reafirmam que: “Sem Feminismo não há Agroecologia! Nossa luta é por direitos e democracia!”