O curso “Comunicação feminista e ativismo digital: mulheres transformando as redes” aconteceu nos dias 16, 17 e 24 deste mês, com a presença de quase trinta mulheres participantes, de diversas idades, moradoras de São Paulo e Campinas. A jornalista Bruna Provazi, integrante do Coletivo de Comunicadoras da Marcha Mundial das Mulheres, ministrou o curso, que se dividia de maneira equilibrada entre momentos teóricos e práticos, com atividades coletivas.

Os objetivos do curso eram instrumentalizar as mulheres no uso de ferramentas de comunicação e debater junto a elas como é a comunicação e a mídia que temos, mas também a que queremos construir. Logo no início do curso, as mulheres se reuniram em pequenos grupos para conversar sobre o que é o feminismo na internet no Brasil hoje. Dentre suas colocações, falavam sobre a falta de construção coletiva, a agressividade, a desorganização e o elitismo presente em alguns espaços feministas virtuais. Ao mesmo tempo, também percebiam a relevância e as possibilidades com tantos conteúdos e materiais disponíveis.

Foram debatidas questões importantes para a comunicação nos dias de hoje. A necessidade de ocupar as redes precisa também estar alinhada a um conhecimento sobre quem controla essas redes, através de quais ferramentas, como e com quais motivações. Tica Moreno, integrante da SOF, contribuiu para o curso com a história da Convergência de Comunicação, criada por diversos movimentos e entidades como a ALBA TV, Radio Mundo Real, Comunicadores da Via Campesina e Comunicadoras da Marcha Mundial das Mulheres, com o objetivo de fortalecer a comunicação contra-hegemônica e avançar no debate da democratização da comunicação. Segundo Tica, “a democratização da comunicação é, também, nós fazermos a comunicação com a nossa voz, do nosso jeito”.

As atividades práticas, chamadas de “mão na massa”, foram um diferencial no curso, proporcionando momentos de troca e criação coletiva. No sábado, 16, a atividade envolvia a interação no Twitter e o planejamento de um tuitaço, que ocorreu durante a semana, dia 21, com a hashtag #FeminismoNasRedes. No domingo, 17, a mão na massa consistiu na criação de um plano de comunicação para a divulgação do próprio curso. Divididas em grupos de cinco, as participantes criaram releases, textos curtos de divulgação, vídeos e imagens. Alguns dos materiais foram utilizados para a divulgação do tuitaço nas redes sociais, durante a semana seguinte.

O terceiro dia, 24, foi dedicado ao monitoramento e à análise de resultados e do alcance do tuitaço realizado – que foi para a lista de tópicos mais falados em Campinas –, à conversa sobre as dificuldades de cada participante nesta tarefa e ao debate sobre segurança nas redes e criptografia, que será o tema de um dos próximos cursos realizados pela SOF. Na avaliação coletiva final, as mulheres demonstraram sua satisfação com o curso e o desejo de participar dos próximos, que serão realizados até o final de 2016.