No dia 10 de novembro, as mulheres Quilombolas do Mandira, localizado no município de Cananéia, se encontraram com as Indígenas da comunidade Takuari, localizada no município de Eldorado, para um intercâmbio de experiências e saberes. O encontro contou também com a presença da quilombola Elvira, professora de artesanatos com fibra de bananeira que ofereceu a capacitação às mulheres.

O intercâmbio, impulsionado pelas atividades anteriores da ATER Mulheres (Assistência Técnica e Extensão Rural para Mulheres) na região, ocorreu após a atividade de socialização dos diagnósticos em cada comunidade. A demanda no aperfeiçoamento dos artesanatos foi um dos desafios que surgiu pelas mulheres. “A gente quer aprender com elas a curar sementes para que nossos artesanatos tenham mais qualidade e vida”, diziam.

As mulheres trocaram o conhecimento com o artesanato de taquara (da mesma família do bambu e muito utilizada para artesanatos), socializaram conhecimentos sobre usos, espécies e tratamentos de sementes e sobre o artesanato com fibra de bananeira como alternativa a taquara, pois seu extrativismo sem manejo pode prejudicar o desenvolvimento da planta. Assim, o uso da fibra de banana pode ser uma alternativa para o artesanato e para um uso sustentável da taquara.

DSC09912 (1)Durante o deslocamento da técnica para a atividade de ATER, um avião pulverizador de agrotóxicos sobrevoava um bananal da região. Este plantio de bananas faz limite territorial com a aldeia Takuari, que possui em sua extensão uma área grande de floresta da mata atlântica. Esta situação sintetiza o cotidiano e a vida das famílias da região do Vale do Ribeira: extensas monoculturas de bananas, uso intensivo de agrotóxicos realizado através de pulverizações que colocam mulheres, homens e crianças na exposição direta do produto.

Muitas trabalhadoras rurais relatam os riscos e resultados desta exposição: problemas respiratórios, problemas na pele, dores no corpo e aumento de alergias. Estas monoculturas acabam empregando grande parte da mão de obra masculina na região, através de diaristas, garantindo uma renda para a família. É por este motivo que a ATER mulheres acredita na necessidade de encorajar a produção para autoconsumo, a comercialização de produtos das mulheres e as práticas agroecológicas para assegurar uma vida mais digna e com segurança alimentar.