Nos dias 17 e 18 de outubro, o centro de São Paulo foi ocupado por artistas e militantes no Festival Ocupa Feminista, que marcou o encerramento da 6ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres (MMM) na região sudeste do Brasil. Outras ações regionais também aconteceram no país, em Santa Catarina e no Rio Grande do Norte. No site da MMM Brasil é possível conferir sobre as atividades regionais.
A SOF Sempreviva Organização Feminista participou da construção do festival junto à MMM, contribuindo para a articulação entre movimentos, a organização das atividades e a mobilização de uma programação diversa, que expressou o feminismo popular em ação.
Durante dois dias, espaços abertos e públicos da cidade foram tomados por debates, oficinas, feira de economia solidária, música, arte e solidariedade internacional. Acolhendo o eixo da 6ª Ação referente ao enfrentamento à violência e ao fortalecimento da autonomia dos corpos e sexualidades das mulheres, a programação abordou temas como economia feminista, soberania alimentar, luta contra a violência, legalização do aborto, antirracismo, moradia e desmilitarização, conectando a resistência das mulheres em diferentes territórios. O Ocupa recebeu caravanas de mulheres vindas do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e de outras cidades da região metropolitana da capital e do estado de São Paulo, como Osasco, Guarulhos, o ABCDMRR, Ilha Bela, Registro, Campinas, entre outras.
Diversidade de atividades
O festival começou com uma manifestação em solidariedade ao povo palestino, que percorreu o centro de São Paulo e terminou com um banquete agroecológico na Praça Paulo Kobayashi. A ação simbolizou a defesa dos bens comuns e da soberania alimentar, com a partilha de alimentos saudáveis e a plantação de uma oliveira como gesto de solidariedade com a Palestina.
Ao longo do dia, o público participou de oficinas e rodas de conversa em diferentes espaços da cidade — como a Câmara Municipal, as livrarias Descabeça e Tapera Taperá, o Museu da Diversidade e a Ocupação Antônia Maria, da Frente de Luta por Moradia (FLM). Houve oficinas de ervas, colagem, captação audiovisual, poesia, palhaçaria e arte para crianças, além de uma roda de conversa com o coletivo Mulheres da Luz, que trouxe reflexões sobre a realidade da prostituição na cidade.
Também foi inaugurada a exposição “Mulheres em Movimento: Memória e Resistência” que ficará exposta até 30 de outubro de 2025 no saguão de entrada da Câmara Municipal. Além de fotografias, a exposição reúne faixas, cartazes e outros materiais que resgatam a memória coletiva das lutas feministas, compondo um espaço de reconhecimento e celebração da resistência.
No debate “Sem culpa nem desculpa! Mulheres livres da violência”, as participaram compartilharam experiências e estratégias de enfrentamento às violências patriarcais, racistas e de Estado que atravessam a vida nas cidades.
À noite, apresentações culturais de Yara Barros, Estrela Miúda e a roda de samba Batucamina encerraram o primeiro dia com alegria e força coletiva.
O segundo dia do Ocupa Feminista seguiu com oficinas diversas: fotografia, xilogravura, escrita, segurança digital, capoeira, horta agroecológica, podcast, entre outras, ampliaram os espaços de criação e encontro entre expressões do feminismo.
Os debates deram visibilidade às lutas antirracistas, LBT, pela moradia e pela legalização do aborto. A roda “Nenhuma mulher sem casa!” destacou o protagonismo das mulheres nas ocupações urbanas e rurais, na luta por moradia digna e pela vida livre de violência.
O encerramento do festival foi marcado pela fixação de uma faixa no Viaduto do Chá pela legalização do aborto e pela reabertura do serviço de aborto legal no Hospital Vila Nova Cachoeirinha. Ao final, as apresentações musicais de Fernanda Ribeiro e da roda de samba Negras em Marcha fizeram crescer a união entre as mulheres.
Feminismo popular em movimento
O Festival Ocupa Feminista expressou a força da organização coletiva das mulheres, que constroem diariamente alternativas ao capitalismo, ao racismo e ao patriarcado. Junto à Marcha Mundial das Mulheres e diversas organizações aliadas, como o MAB e a FLM, a SOF aposta na ocupação dos espaços públicos com arte e luta como uma forma de afirmar outro modo de viver, baseado na solidariedade, na autonomia e na sustentabilidade da vida.
O festival encerrou a Ação Internacional da MMM, mas reafirmou o compromisso de seguir em marcha, e abre caminhos para novas atividades de ocupação feminista pelo direito à cidade.
Fotos: Coletivo Comunicadoras MMM – SP








































