Neste mês de junho, foi lançada a publicação virtual Economia feminista e ecológica: resistências e retomadas de corpos e territórios, organizada pela SOF Sempreviva Organização Feminista. A publicação é gratuita e está disponível para download neste link. O lançamento aconteceu durante uma das oficinas autogestionadas do Fórum Popular da Natureza.  

O Fórum Popular da Natureza
O Fórum Popular da Natureza é uma iniciativa articulada entre diversos movimentos e organizações do campo e da cidade, entre ambientalistas, feministas, sindicalistas, indígenas, camponeses, juventude, movimento estudantil e de moradia. A proposta é ampliar o diálogo com a população sobre os desmatamentos, queimadas e a crise das mudanças climáticas que são agravados pelas medidas do atual governo. O evento de lançamento do Fórum aconteceu virtualmente, em dez dias de atividades no começo de junho.

O Fórum contou com muitas atividades autogestionadas, organizadas pelos movimentos. As mulheres marcaram presença durante a programação e pautaram a construção do feminismo como parte fundamental tanto do enfrentamento aos problemas ambientais quanto da construção de alternativas. A Rede Agroecológica de Mulheres Agricultoras do Vale do Ribeira/SP (RAMA), a Rede de Agricultoras Paulistanas Periféricas Agroecológicas (RAPPA), o Grupo de Trabalho de Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), a SOF e a Marcha Mundial das Mulheres foram responsáveis por algumas dessas atividades, pautando o enfrentamento à economia verde e as experiências de agricultura urbana, consumo responsável, os cuidados e a solidariedade nesses tempos de pandemia. 

“Neste momento de crise sanitária, fica mais evidente para o conjunto das pessoas quais são os trabalhos realmente essenciais para que a vida se sustente. O cuidado com as crianças, os idosos e os doentes. O trabalho de fazer comida, manter a casa e os utensílios limpos”, pontuamos nesta semana em nossa Coluna Sempreviva, no Brasil de Fato.

Economia feminista e ecológica
A atividade autogestionada da SOF e da Marcha Mundial das Mulheres foi o lançamento da publicação Economia feminista e ecológica: resistências e retomadas de corpos e territórios. O livro tem textos de Miriam Nobre, Renata Moreno e Sheyla Saori, da equipe da SOF, e traduções de artigos de Ana Isla, professora da Brock University, e de Yayo Herrero, integrante da organização Ecologistas em Ação. 

Economia feminista e ecológica é uma publicação que traz denúncias da economia verde, mas traz também experiências de resistência das mulheres nos territórios. O texto de Miriam Nobre e Renata Moreno, Natureza, trabalho e corpo: percursos feministas e pistas para a ação, parte de conceitos básicos da economia ecológica expandidos junto à economia feminista, para destacar o corpo como território onde natureza e cultura convergem. 

O artigo de Yayo Herrero, Economia ecológica e economia feminista: um diálogo necessário, faz parte de um processo de articular a economia feminista e a economia ecológica como perspectivas e estratégias necessárias para a transformação. Seu outro texto, A vida em situação de guerra: coronavírus e a crise ecológica e social, é um exercício de olhar para o contexto atual usando as lentes da economia ecológica e da economia feminista.

Ana Isla, em seu Quem paga pelo protocolo de Kyoto? A venda de oxigênio e a venda de sexo na Costa Rica, apresenta a realidade da Costa Rica em relação à natureza e à vida das mulheres, e denuncia falsas soluções, como as centradas em garantir o acesso aos chamados benefícios das negociações sobre REDD+ (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal). No mesmo sentido de aterrissar o debate nas lutas concretas, o texto Economia verde e a financeirização da natureza no Vale do Ribeira: as respostas das comunidades e das mulheres para as mudanças climáticas de Sheyla Saori organiza a crítica ao Vale do Futuro e à Conexão Mata Atlântica, projetos do governo do estado de São Paulo para o “desenvolvimento” do Vale do Ribeira.