Neste domingo, 8 de março, as mulheres saíram às ruas em diversas cidades para as manifestações do Dia Internacional de Luta das Mulheres. Em São Paulo, o ato unificado foi construído por dezenas de entidades, coletivos, sindicatos, movimentos feministas, negros, LGBT. A data foi marcante porque as 7 mil mulheres organizadas levaram para a população suas reivindicações essenciais. Estamos em 2015 e ainda precisamos falar sobre a violência que viola e mata as mulheres, sobre o trabalho precário e salário desigual, sobre a falta de creches, sobre a criminalização do aborto, entre outras expressões cotidianas do machismo.

A negação da autonomia das mulheres é parte do nosso dia a dia e sofremos constantes ataques, seja por meio de criminalização ou de projetos de lei, como o Estatuto do Nascituro. Neste ano, a eleição de Eduardo Cunha para a Presidência da Câmara Federal é mais um exemplo: o deputado declarou que o aborto só seria legalizado no Brasil “por cima de seu cadáver”.

Este posicionamento, comum entre as bancadas conservadoras e religiosas de nosso sistema político, não é apenas fruto da misoginia e da vontade de controlar os corpos e as escolhas das mulheres; é também resultado do conservadorismo de uma linha de direita que vem avançando na participação dos processos eleitorais do Brasil, de braços dados com o machismo. Por isso, é urgente um Plebiscito Constituinte por uma Reforma Política que inclua as mulheres, as trabalhadoras e trabalhadores, as negras e negros, para que nossas reivindicações sejam ouvidas.

Mais uma vez, no 8 de março, as mulheres afirmaram seu compromisso com as lutas pelas transformações gerais na sociedade e denunciaram as reações da direita ao que já foi conquistado. A defesa e garantia da democracia está no centro da agenda política das mulheres brasileiras e de toda a América Latina. Marcada por ditaduras militares no século XX, o continente hoje enfrenta ameaças de novos golpes de uma elite que avança sobre governos progressistas. O oito de março era, então, também parte da Semana Mundial de Solidariedade com a Revolução Bolivariana, ação articulada pela ALBA (Aliança Bolivariana para as Américas) em solidariedade ao povo venezuelano e à sua resistência às tentativas golpistas.

Durante o ato, a Marcha Mundial das Mulheres marcou o lançamento de sua 4ª Ação Internacional. A ação acontece de cinco em cinco anos e é um momento muito importante de união de todos os países do mundo onde a MMM está inserida. Com o lema “seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”, e os eixos políticos marcados pelo trabalho, corpo e território, a MMM irá realizar no Brasil atividades regionais. O objetivo é fortalecer as resistências e alternativas das mulheres nos territórios, e ampliar a construção do feminismo como uma luta cotidiana das mulheres auto-organizadas, a partir de suas vivências, de suas demandas. Com início no 8 de março, a 4ª Ação seguirá até o dia 17 de outubro, Dia Mundial de Combate à Pobreza.

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Vídeo da Revista Capitolina sobre o ato:

https://youtu.be/Y8E2OjXYsUM

Texto da Marcha Mundial das Mulheres sobre a 4ª Ação Internacional:Texto da Marcha Mundial das Mulheres sobre a 4ª Ação Internacional:

https://marchamulheres.wordpress.com/2015/03/06/em-marcha-ate-que-todas-sejamos-livres-4a-acao-internacional-da-marcha-mundial-das-mulheres/