Mais uma vez, o 8 de março foi um dia de lutas pelo Brasil inteiro. A novidade boa é que, além das capitais, que tradicionalmente organizam suas manifestações, cada vez mais cidades do interior apresentam ações de rua e debates públicos para marcar a data. Veja o que aconteceu pelos estados:

BRASÍLIA

Na capital federal, as mulheres da Marcha Mundial das Mulheres saíram em passeata até a Feira da Ceilândia (cidade-satélite de Brasília), seguindo os ritmos e as palavras de ordem puxadas pela batucada feminista. Ao final da atividade, panfletagens e intervenções públicas dialogaram com a população sobre o Dia Internacional da Mulher.

As sindicalistas da CUT organizaram uma semana repleta de atividades, entre debates, atos de rua e atividades culturais, inclusive nas cidades-satélite no entorno de Brasília.

CEARÁ

“Somos mulheres e não mercadorias”, dizia a faixa das militantes da Marcha Mundial das Mulheres no 8 de março em Fortaleza. O ato foi realizado em conjunto com entidades do movimento de mulheres e outras que compõem a CMS, além de ONGs. Eram quase 800 mulheres de diversos bairros. Divididas em alas e animadas pela batucada feminista da Marcha, as mulheres fortalezenses reivindicaram a redução da jornada de trabalho sem perda salarial; regulamentação do comércio aos domingos; legalização do aborto e auto-determinação das mulheres; entre outros temas. O ato final foi na Praça do Ferreira. O comitê da MMM na região do Cariri também organizou atividade no município de Salitre.

Outra atividade realizada no Ceará foi o Seminário “O mundo não é mercadoria! Nós mulheres também não!”, dias 05 e 06 de março de 2008, em Quixadá. O seminário debateu com cerca de 30 agricultoras da região organização política das mulheres, mercantilização do corpo e da vida das mulheres, agroecologia e soberania alimentar. O evento terminou com um ato público pelas ruas da cidade com mais de 100 mulheres.

MARANHÃO

O Comitê Maranhense da MMM realizou diversas atividades entre os dias 14 e 22. Foram muitas palestras sobre a Lei Maria da Penha, para ampliar o conhecimento das mulheres sobre o tema da violência sexista e os meios que há para enfrentá-la.

MINAS GERAIS

Em Minas Gerais, as ações foram em todo o estado. Dia 7, na cidade de Belo Horizonte, a partir de oficinas organizadas nos bairros, mais de 600 mulheres foram às ruas denunciar o aborto clandestino com 1 minuto de silencio na porta de uma igreja. Outro “alvo” importante das manifestações foram as empresas transnacionais. As militantes da MMM, junto com mulheres de movimentos sociais, “interditaram” um supermercado Carrefour e jogaram tinta numa agência do banco Bradesco. Em frente do Palácio da Liberdade, sede do governo mineiro, ao som das companheiras do Hip Hop, as mulheres protestaram contra a invisibilidade e a precarização do trabalho das mulheres, a mercantilização e a violência.

No dia 08, outro supermercado da rede Carrefour foi ocupado pelas manifestantes, com discussão política, batucada, faixas e muita irreverência. Em Uberlândia, o 8 de março foi marcado por uma grande atividade formativa, em Simonésia, foi constituída uma comissão de mulheres, e em Santana do Manhuaçu e Viçosa as mulheres tomaram as ruas e a universidade. As mulheres da Articulação do Semi-árido (ASA), em Januária, protagonizaram um cortejo de luta às margens do São Francisco.

A Marcha Mundial das Mulheres em Minas também participou do II Encontro de Mulheres da Via Campesina em Itueta, ocuparam os trilhos da Vale do Rio Doce em Resplendor e organizaram uma ação de rua em Governador Valadares, denunciando a Aracruz Celulose através de lambe-lambes, e fortalecendo a aliança entre as mulheres do campo e da cidade.

PARÁ

No Pará, o ato da Marcha Mundial das Mulheres, em celebração ao 8 de março, foi na Praça da Leitura, em Ananindeua, com batuque e intervenções, e na Agrovila João Batista II em Castanhal, com batuque e oficina.

Em Ananindeua, o ato no centro da cidade contou com o apoio do Coletivo de Mulheres Estudantes do Pará e sua batucada feminista num ato no centro da cidade. Na Agrovila João Batista II, a ação foi em conjunto com as mulheres da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf). A batucada feminista passou pelas ruas da agrovila, convocando as trabalhadoras rurais para o centro comunitário, onde foi exibido o filme educativo “Gênero, Mentiras e Videoteipe” (1995), de Lucila Meirelles, e realizada a oficina com Teatro do Oprimido.

PARAÍBA

No sábado, dia 8 de março, João Pessoa assistiu a um Ato Político-Cultural Pela Vida das Mulheres, que incluiu a apresentação de vídeos, música e grafite. O evento foi realizado pela Marcha Mundial das Mulheres em conjunto com outras entidades feministas, como a Rede de Mulheres em Articulação da Paraíba, o Fórum de Mulheres da Paraíba e a Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB).

PERNAMBUCO

No Recife, diversas atividades precederam a manifestação, e culminaram nela. Uma “oficina de integração”, que reuniu cerca de 30 mulheres para socializar e organizar temáticas, músicas e palavras de ordem para o ato; uma “conversa feminista” na universidade, com jovens estudantes e outras mulheres; uma oficina sobre mercantilização do corpo e da vida das mulheres, com 40 militantes. Finalmente, uma oficina de batucada, que abriu a manifestação pelas ruas do centro da cidade.

RIO DE JANEIRO

No Rio, o ato unificado dos movimentos de mulheres, movimentos sociais e partidos políticos aconteceu no dia 7. A Marcha Mundial das Mulheres se preparou para a manifestação com atividades que produziram pirulitos, faixas e cartazes, além dos instrumentos para a batucada feminista.

Sábado, dia 8, as ações foram descentralizadas pela cidade. Numa das ações, militantes da MMM foram à Central do Brasil, onde distribuíram materiais alusivos ao 8 de março para as mulheres que circulavam pela região. No bairro de Campo Grande, periferia da cidade, a Marcha organizou uma aula pública sobre “Mulheres e Mundo do Trabalho”, seguida de ato político com o microfone aberto para as mulheres, panfletagem e a presença da batucada feminista.

RIO GRANDE DO NORTE

“Feminismo e soberania dos povos, a luta por igualdade e pelo fim da violência” foi o tema que reuniu cerca de 700 mulheres de toda a região oeste do Rio Grande do Norte em passeata no dia 8 de março em Mossoró. Os perigos do agronegócio como uma ameaça a soberania e autonomia e a luta por igualdade deram o tom das palavras de ordem e das músicas da batucada feminista.

Também foi parte das ações o lançamento da campanha da CUT pela redução da jornada de trabalho sem redução de salário, como uma forma de gerar mais emprego e dividir a riqueza. O dia de luta terminou com mística em solidariedade às companheiras da Via Campesina. Além de Mossoró, a Marcha protagonizou o 8 de março em municípios como Campo Grande, Apodi, São Miguel do Gostoso, Caraubas, Assu.

RIO GRANDE DO SUL

Em Porto Alegre, a tradicional Marcha Estadual foi dia 7 de março, e reuniu mais de mil mulheres. Representantes de diversos movimentos entregaram aos 3 poderes o Manifesto das Mulheres do Estado do RS, contendo uma série de denúncias e reivindicações. Depois, as mulheres saíram em passeata pelas ruas do centro da cidade gritando palavras de ordem, inclusive, em apoio à ação da Via Campesina, que participaram do ato na Store Enso. No dia 8, no bairro Restinga, a Marcha realizou uma oficina sobre o tema da violência.

Em Caxias do Sul, o debate principal foi a defesa da legalização do aborto. A Marcha divulgou carta questionando o lema da Campanha da Fraternidade deste ano, que condena o aborto e as mulheres que o praticam. Na universidade, as estudantes também organizaram uma série de atividades para celebrar o Dia Internacional da Mulher, sob o tema “Mulheres desconstruindo tabus”.

Na cidade de Montenegro houve atividades culturais e políticas no centro da cidade, dia 7. Organizada pela Marcha Mundial das Mulheres, as ações contaram com a participação de entidades e movimentos sociais, e com o apoio da comunidade que circulou pelo centro.

SÃO PAULO

Mais de 5 mil mulheres coloriram as ruas do centro de São Paulo no sábado, 8 de março. A passeata, iniciada pelo som da batucada feminista, reuniu mulheres de diversas cidades do interior do estado, e de diferentes regiões da capital. Além da Marcha Mundial das Mulheres, estavam presentes muitas organizações feministas e mulheres de vários movimentos sociais e partidos políticos de esquerda.

Numa ação cultural irreverente, as mulheres terminaram a manifestação na Praça do Patriarca, rebatizando-a de “Matriarca”, por meio de uma saia lilás que vestiu a estátua no centro da praça, na qual, também, foram colados nomes de mulheres lutadoras e feministas. Numa faixa, liam-se os dizeres: “Por um mundo sem patriarcas!”.