No último dia 22 de março, a SOF participou da Sessão Solene virtual de entrega do prêmio feminista Heleieth Saffioti,promovido pela Câmara Municipal de São Paulo. A femenagem tem por objetivo reconhecer militantes e entidades de mulheres que se destacam em ações de combate à discriminação social, sexual ou racial e a defesa dos direitos das mulheres no município de São Paulo.

A premiação, que está em sua 8ª edição, é sempre atribuída a uma pessoa e a uma organização. Neste ano, a Sempreviva Organização Feminista e a pesquisadora Renata Gonçalves receberam a honraria. O prêmio feminista foi criado em 2012 pela vereadora Juliana Cardoso na ocasião dos 80 anos da conquista do voto feminino no Brasil.

A ocasião reuniu grandes militantes, ativistas, pesquisadoras e representantes do movimento de mulheres na cidade de São Paulo: Amelinha Teles (União de Mulheres do Município de São Paulo), Marta Baião (Centro de Informação da Mulher), Paula Santana (defensora do Núcleo Especializado de Promoção e Defesa do Direito das Mulheres), Sandra Mariano (Articulação Popular e Sindical de Mulheres Negras de São Paulo) e Vera Machado (Marcha Mundial das Mulheres). A SOF foi representada pela presidenta Marilane Teixeira.

“Não seria possível começar minha fala sem destacar e celebrar o legado de Heleieth Saffioti para os movimentos sociais para o mundo acadêmico e suas contribuições. E neste momento, na condição de presidenta da SOF, honrada por poder participar desta cerimônia ocupando este cargo, eu gostaria de dedicar a honra de receber este prêmio a toda a equipe técnica da SOF em nome da Nalu Faria. Sem dúvida nenhuma, a SOF é uma referência para todas nós, e se trata de um reconhecimento de um trabalho de muitas décadas, não apenas na cidade de São Paulo, mas para todo o Brasil, inclusive como referência internacional. Sua perspectiva de feminismo e de luta por direitos está profundamente comprometida com uma visão de sociedade junto dos movimentos populares na denúncia; na resistência aos ataques aos direitos, na construção de um feminismo anticapitalista, antipatriarcal e antirracista; e também na formação, ao longo da sua trajetória, de milhares de mulheres que aprendem na prática cotidiana a compreender o sentido da autonomia e do direito à igualdade”.

Para Amelinha Teles, celebrar a premiação que leva o nome de Heleieth Saffioti neste momento do Brasil e do mundo é extremamente simbólico. “Sobretudo em nosso país, onde a pandemia toma proporções gigantescas para a população de mulheres, a população negra e pobre do país, trazer a Renata e a SOF neste momento é um ato de resistência”. Sobre a atuação da SOF, Amelinha completa “é nossa inspiração ter aqui no Brasil, na América Latina, uma organização como a SOF, que sempre se posiciona contra o capitalismo, o neoliberalismo, em defesa das mulheres. Essa premiação vem para nos dar muita força”.

A também femenageada Renata Gonçalvesé docente da Universidade Federal de São Paulo, onde é uma das coordenadoras do Núcleo de Estudos Heleieth Saffioti – Gênero, Sexualidades e Feminismos, e do Núcleo de Estudos Reflexos de Palmares: análise da questão racial no Brasil, além de coordenar o Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento.

Sobre Heleieth Saffioti

Heleieth Iara Bongiovani Saffioti foi uma militante feminista, pesquisadora e escritora que, na década de 60, debatia o papel da mulher na sociedade de classes. Sua principal obra, A mulher na sociedade de classes: mito e realidade, foi publicada em 1969, em plena ditadura militar e mesmo hoje, mais de 50 anos depois, é reconhecida como um texto atual e imprescindível para compreender a exploração das mulheres no capitalismo, sendo uma referência para as discussões sobre feminismo, marxismo e luta de classes no Brasil. Além disso, Saffioti criou um núcleo de estudos de gênero da Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), lecionou na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo e na Unesp de Araraquara (SP), onde se aposentou e também recebeu o título de professora emérita. Em 2015, Araraquara ganhou uma biblioteca com o acervo pessoal da socióloga.

Assista a gravação da Sessão Solene e confira todas as intervenções das convidadas e o discurso das femenageadas: