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Entender a influência das mulheres na biodiversidade das plantas é essencial à nossa capacidade de preservar os recursos genéticos vegetais, principalmente no que diz respeito às plantas mais úteis à humanidade. Ao contrário do que se pensava, tem se tornado evidente que as mulheres conhecem a maior parte dessas plantas porque, ao longo da história, seu trabalho quotidiano demandou a maior parte desse conhecimento.


Este artigo descreve como as mulheres são protagonistas no manejo da biodiversidade das plantas à medida que desempenham seus papéis de donas de casa, cuidadoras de hortas domésticas e quintais, herboristas, guardiãs de sementes e melhoradoras informais de plantas. Ao mesmo tempo, como a maior parte desse uso, manejo e conservação de plantas ocorre no âmbito doméstico, e uma vez que os usos mais valiosos dos recursos genéticos são localizados e não monetários, estes permanecem invisíveis a um ponto de vista externo e são facilmente subvalorizados.


O viés de gênero tem prevalecido na pesquisa científica que investiga as relações entre pessoas e plantas. As políticas e programas de preservação ainda não consideram a importância da esfera doméstica, das mulheres e das relações de gênero para a preservação da biodiversidade, assim como ignoram a importância que tem a biodiversidade vegetal para o estatuto social e o bem-estar das mulheres. Em toda parte, o conhecimento tradicional e os direitos indígenas acerca das plantas são diferenciados com base no sexo e as desigualdades de gênero também estão implicadas em processos que levam à erosão da biodiversidade.


Para que os objetivos da Convenção sobre a Diversidade Biológica sejam alcançados, será necessária uma atenção muito maior aos saberes das mulheres, ao manejo que elas realizam e aos seus direitos, assim como à esfera doméstica. Exemplos de medidas positivas e necessárias a serem tomadas incluem: priorizar a conservação e reverter as dinâmicas que levam à erosão genética de plantas que são importantes para as mulheres
em seu papel de curadoria; reconhecer, valorizar e promover a transmissão entre gerações do conhecimento e práticas tradicionais das mulheres; reconhecer os sistemas de direitos indígenas e, nesse âmbito, os direitos das mulheres às plantas e aos recursos da terra que sustentam essas plantas; garantir a participação plena das mulheres nas decisões e políticas que afetem seus direitos às plantas ou a condição social e o bem estar que elas obtêm através dos recursos vegetais; e promover e difundir pesquisas que reforcem essas ações.

* Esta é uma tradução da publicação originalmente publicada em inglês pelo International Insitute for Environment and Development (IIED) “The Major Importance of ‘Minor’ Resources: Women and plant biodiversity”, disponível em https://www.iied.org/9282iied. A tradução para o português é de responsabilidade da SOF Sempreviva Organização Feminista.


Esta edição foi realizada no âmbito do Projeto Caatinga Viva pelas mãos das mulheres.

“Mulheres construindo, sistematizando e disseminando soluções socioambientais solidárias e inovadoras para o alcance das metas da Agenda 2030 e a implementação das Convenções sobre Diversidade Biológica e Combate à Desertificação”.

CONTRATO
CSO-LA/2021/426-361
Realização: CF8 / Parcerias SOF, CPT, IIED
Apoio: União Européia