*Por Nalu Faria, originalmente publicado no portal da Frente Brasil Popular

O 8 de março no Brasil e no mundo inteiro é a principal data do calendário feminista. Foi proposto em 1910 como Dia Internacional da Mulher Trabalhadora pelo Direito ao Voto em uma conferência de mulheres socialistas. Naquele período ainda sem uma data fixa.

Há 100 anos, em 1917, no 8 de março (23 de fevereiro no calendário gregoriano) quando se em vários países do mundo se realizavam ações como parte dessa data, as mulheres russas deram início a uma greve e com ela o início de revolução Russa.

É como parte dessa trajetória de luta que estaremos nas ruas de todo o país, juntas com mulheres de todo o mundo, seguindo nossas ações para mudar a vida das mulheres para mudar o mundo. Isto, porque consideramos como nosso objetivo maior a igualdade em uma sociedade sem exploração de classe, sem racismo, sem opressão das mulheres, com respeito à diversidade da sexualidade e em harmonia com a natureza.

No Brasil nossa prioridade será a luta contra a reforma da previdência, por uma vida sem violência e que garanta a autonomia e a vida das mulheres e por isso a luta pela descriminalização e legalização do aborto.

Essa ação se articula com nossa luta contra o golpe e pela recuperação da democracia e de um projeto que avance na construção da igualdade em nosso país.

As mobilizações do 8 de março marcarão o início de nossa jornada de luta que seguirá com a greve da educação em 15 de março onde estaremos todas construindo uma grande paralisação nacional.

O 8 de março é organizado pelo movimento de mulheres, uma data em que como parte desse processo de auto-organização as manifestações são organizadas e dirigias pelas mulheres. Isso se expressa também no fato que, nesse dia, as vozes que ecoam nos discursos, nos jograis, nas músicas, nos gritos de luta e as mãos que dão o ritmo das batucadas são das mulheres. Mas ao mesmo tempo é parte e constrói uma luta que é do conjunto da classe trabalhadora e todos os setores oprimidos e marginalizados.

As ações das mulheres serão a expressão da diversidade e vozes feministas em nosso país:

– Mulheres negras em resistência desde a escravidão colonial mas também construtoras e defensoras da vida da cultura, das práticas de solidariedade, da música, da poesia, da memória.

– Das mulheres jovens que se insurgem irreverentes a todas expressões de opressão, que constroem no cotidiano experiências que buscam a igualdade com seus pares, como nas ocupações da escola e tantas outras.

– Das mulheres camponesas, rurais, das aguas e das florestas, que resistem do mercado sobre seus territórios, suas vidas e seus corpos. E que nessa resistência constroem alternativas e elaboram propostas de outro modelo para a sociedade

– As mulheres das cidades, sejam as que lutam nos sindicatos, as que estão nas periferias nos movimentos de moradia, na luta contra o genocídio da juventude negra, contra a violência e militarização de seus territórios, que denunciam e lutam contra o tráfico de mulheres, as máfias da prostituição e tantas outras lutas.

– As deficientes que nos ensinam que o direito a autonomia para todas exige outra forma de organizar os espaços, outro modelo de mobilidade urbana, outras formas de comunicação e outras vez tantas outras lutas.

É como parte dessa grande jornada de lutas e mudanças que nesse 8 de março nossa voz ecoará por todos os cantos: Aposentadoria Fica, Temer sai! Diretas Já!

*Nalu Faria é coordenadora da SOF Sempreviva Organização Feminista e militante da Marcha Mundial das Mulheres