No dia 20 de fevereiro, oito mulheres dos quilombos Cedro e Terra Seca, junto às agricultoras do Córrego do Franco, saíram de seus bairros às 4h da manhã rumo à capital de São Paulo. Os bairros onde elas moram estão localizados na cidade de Barra do Turvo, no Vale do Ribeira, interior paulista. O motivo da viagem era acompanhar o transporte de seus alimentos para comercialização em um espaço chamado Quitandoca, na zona oeste de São Paulo.

As agricultoras participam desde o início de 2015 do programa de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) para mulheres coordenada pela SOF em convênio com o Ministério do Desenvolvimento Agrário. As atividades da ATER  passaram por um processo de caracterização, com o empenho das técnicas em conhecer os bairros, as agricultoras e suas demandas específicas, seguido por dinâmicas e oficinas junto às mulheres sobre técnicas de produção e comercialização, alternativas agroecológicas, além de debates sobre feminismo, renda, cooperação e solidariedade.

Este novo passo na comercialização é de grande importância para as agricultoras, que já têm experiência com o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), iniciativa do Governo Federal que adquire regularmente produtos de agricultores/as através da comercialização direta e incentiva a agricultura familiar. A comercialização para a capital é fruto de uma parceria com a Prefeitura Municipal de Barra do Turvo, que disponibilizou o transporte regular para as mulheres.

“A gente tem esperança de que vai dar certo, trazer melhoria para nós. Irá dar mais ânimo para produzirmos e também para aumentar nossa renda”, diz Vanilda, do quilombo Terra Seca. A iniciativa de organizar e incentivar o trabalho das mulheres agricultoras abre novos horizontes para toda a região, que é uma das mais pobres do estado de São Paulo. “No nosso lugar, nossos filhos pegam uma idadezinha e já querem ir embora. Com esse projeto dando certo, mostramos que dá pra sobreviver, que está dando certo e conseguimos até segurar mais a juventude na roça, junto com a gente”, completa Nelma, também do Terra Seca.

As mulheres produzem alimentos variados de acordo com a época, a partir de técnicas agroecológicas e sem uso de agrotóxicos. No dia 20, havia uma variedade de bananas, palmitos pupunha, limões, temperos e mais. O dia foi também de confraternização, com a organização de um grande café da manhã. As agricultoras conversavam com consumidores paulistanos sobre os alimentos, o processo de produção e dicas de preparo. Os alimentos são comercializados toda semana na Quitandoca, localizada na Rua Guaicuí, 61, atrás do Largo da Batata, aberta de terça a sexta, das 10h às 20h e aos finais de semana das 10h às 18h.

No dia 12 de março, sábado, acontecerá uma oficina reunindo as mulheres destes bairros para avaliar a experiência de comercializar seus produtos na Quitandoca  e avançar no debate sobre custos e preços, no sentido de garantir melhores entendimentos e apropriação da sua produção à comercialização.

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