No dia 25/03, em Donostia, País Basco, foi lançado o livro “Cooperación vasca y movimientos sociales: manual de implentación de la agenda alternativa de solidaridad internacionalista”, com a presença de mais de 50 pessoas. Este livro é o desdobramento de um processo iniciado em 2010 de reflexão conjunta entre ONGs, órgãos públicos, pesquisadores e movimentos sociais para a construção de uma cooperação crítica que fortaleça a emancipação.

Gonzalo Fernandez, autor do livro, apresentou a necessidade de uma mudança de enfoque na cooperação internacional. Sua proposta altera a lógica sobre as linhas de trabalho, de que forma realizar-las e quem adequa-se a realizá-las. Fernandez propõe um enfoque de sujeitos, ou seja, a partir de uma ideia de emancipação: quem são os sujeitos políticos que atuam no sentido de transformação e como construir com eles estratégias de ação comum, onde se somam vários atores. O livro apresenta uma proposta de transição baseada em experiências já realizadas pela Agência Basca de Cooperação e as Agências de Cooperação da deputação de Guipuzcoa e da cidade de Donostia.

A apresentação de Gonzalo foi precedida pela apresentação de Miriam Nobre, da SOF e Marcha Mundial das Mulheres, sobre a contribuição dos movimentos sociais no enfrentamento ao patriarcado, ao capitalismo e ao racismo, em particular na construção de resistências e alternativas como duas faces de um mesmo processo que se potencializa em alianças. A cooperação estatal cobra ainda mais sentido em um momento onde a presença das corporações e seus interesses se manifestam não apenas em modelos centrados em resultados e medidas de eficácia e eficiência, mas também por sua presença direta ou em parcerias público-privadas. Uma política de cooperação estatal só terá estabilidade, vontade política e recursos se a solidariedade internacional for constitutiva de movimentos sociais e, de forma crescente, esteja presente na cidadania.

Ignacio Martinez, da plataforma de ONGs do Estado Espanhol 2015 situou a crise da cooperação autonômica no Estado Espanhol como resultado do neoliberalismo, realismo político e conservadorismo social. Trata-se não somente de uma questão de financiamento, mas de modelo, participação e sentido. O debate que propõe trata de que narrativa de desenvolvimento queremos, bem como qual concepção política de cooperação, envolvendo diferentes sujeitos que se situam em territórios diversos e que, por suas diferentes perspectivas, permitem construir respostas complexas a problemas globais.

Ao início, o representante da plataforma de cooperação crítica disse que a boa nova era: “há vida depois da crise”. Conforme o debate foi transcorrendo, percebeu-se que há vida também durante a crise, e que a cooperação internacional deve reinventar-se, de forma a fortalecer o internacionalismo e as lutas em cada território.