Nesta quarta-feira (7), os movimentos sociais se reuniram para o lançamento da Jornada Continental Anti-Imperialista em marco dos dez anos da vitória dos povos latino-americanos contra a proposta de criação da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA). O ato contou com a presença de movimentos como a Marcha Mundial das Mulheres (MMM), CTB, CUT, MST, Movimento dos Pequenos Agricultores, Via Campesina, ALBA, UNE, JPT, Consulta Popular, entre outros, além de representantes dos consulados de Cuba e da Venezuela.

João Pedro Stédile, do MST, resgatou a luta contra a ALCA dentro de uma história de lutas anti-imperialistas que possui ascensões e decaídas, mas que não cessa. Em um período de algumas décadas, a América Latina passou por um fortalecimento das forças de esquerda, que resultou em marcos históricos como a Revolução Cubana e a Revolução Sandinista, mas também por ditaduras militantes ferozes e pelo posterior avanço do neoliberalismo.

A luta contra a ALCA, para João Pedro, se posiciona portanto como parte de um processo histórico de longo prazo, ao qual se colocam os desafios de fortalecer a luta através da formação política, da educação e trabalho de base.

Para Miriam Nobre, da SOF e da Marcha Mundial das Mulheres, a campanha contra a ALCA foi um momento de aprendizado dos movimentos no fortalecimento da unidade rumo à transformação – momento esse que serve de exemplo para agir na conjuntura atual. Miriam destacou a importância da criação da unidade somando as agendas específicas dos movimentos às reivindicações gerais. As pautas das mulheres, portanto, pertenciam à totalidade da articulação contra a ALCA, entendendo que o capitalismo nesse momento se articulava com o patriarcado para explorar os e as trabalhadoras e fortalecer a divisão sexual do trabalho. “É importante que a gente vá costurando análises comuns, e não deixar nossas pautas de lado em nome de uma unidade”, diz ela.

Muito do debate em torno da ALCA continua atual, se explicitando através de novas políticas muito semelhantes. Para Júlio Turra, da CUT, a proposta do Tratado Transpacífico é “a ALCA reciclada”, e também deve ser debatida pelos movimentos sociais. Além disso, ainda é necessária e urgente a retirada das tropas do Haiti, o combate ao avanço das transnacionais e o controle capitalista sobre a natureza e os territórios latino-americanos – as propostas de privatização do pré-sal representam um dos exemplos mais palpáveis hoje para nós, brasileiras e brasileiros.

Esta semana, aconteceu o lançamento da Jornada, mas ainda estão agendadas outras atividades e o encerramento com um ato público no dia 5 de novembro, data que marca os dez anos da definitiva derrota da ALCA na Cúpula da OEA em Mar del Plata, Argentina.