Entre os dias 9 e 11 de setembro de 2022 ocorreu o intercâmbio com a Rede Agroecológica de Mulheres Agricultoras – RAMA na Barra do Tubo, Vale do Ribeira – São Paulo. O evento fez parte do curso de extensão “Mulheres em defesa do território-corpo-terra” do CPDA/UFRRJ.

O curso de extensão “Mulheres em defesa do território-corpo-terra” da Universidade Federal Rural do Rio e Janeiro – UFFR foi realizado pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais em Desenvolvimento Agricultura e Sociedade – CPDA, em conjunto com diversos movimentos sociais, a SOF e a Fundação Rosa Luxemburgo.

O curso contou com diferentes ferramentas para promover a elaboração e troca de conhecimentos a partir das resistências das mulheres em seus territórios. Com encontros virtuais e semanais, as participantes se reuniram durante três meses e abordaram os temas:  racismo ambiental na cidade, energia, clima, mineração, agronegócio e agroecologia. As contribuições para os debates foram exibidas nas redes sociais e podem ser assistidas aqui

Além dos 14 encontros virtuais, as participantes realizaram 3 idas à campo: Comunidade do Horto no Rio de Janeiro (para saber sobre a história e a luta da comunidade do Horto clique aqui e veja a sessão “Racismo na Cidade” conduzido por Emília e Carolina. ); no Acampamento Zé Maria Do Tomé e o Quilombo do Cumbe no Ceará (veja aqui a matéria “Barqueata de mulheres no Rio Jaguaribe brada por justiça socioambiental e de gênero” do Brasil de Fato realizada durante o intercâmbio. ) e, por fim, Barra do Turvo, Vale do Ribeira em São Paulo.  

Para saber mais Barra do Turvo: A experiência da RAMA

O intercâmbio realizado com as agricultoras da Rede Agroecológica de Mulheres Agricultoras – RAMA teve como eixo a auto-organização das mulheres na produção de alimentos agroecológicos, as ameças presentes no território e a rede solidária de comercialização.

O mutirão da RAMA, prática das agricultoras para trabalhar na roça em conjunto, as rotas pelos bairros e pelos quilombos Ribeirão Grande-Terra Seca, foram importantes para conhecer as particularidades do território. Somando as experiências dos outros intercâmbios, o debate sobre as ameças presentes nesse território contribuiu para compreender melhor como essas armadilhas acontecem. Quando vista pela perspectiva das mulheres, as iniciativas verdes que promentem “limpar” os gases poluentes, na verdade querem limpar as populações tradicionais de seus territórios. A sobreposição das Unidades de Conservação do Jacupiranga no território quilombola e as iniciativas de compensação ambiental e de crédito de carbono foram problematizadas desde sua chegada até a utilização de mão de obra das comunidades para executá-las.

Fez parte da programação do intercâmbio a homenagem a Rosalina  Aparecida Galdino. Rosa foi uma liderança sindical importante para a  luta contra a imposição de multas ambientais aos moradores, no  fortalecimento das mulheres e da população negra na região. Seu nome  também está uma das estradas do bairro Bela Vista. 

A  experiência da rede solidária de comercialização foi o tema da  atividade que encerrou o intercâmbio. Realizada no Instituto Baru na cidade de São Paulo, a roda de conversa agregou integrantes de grupos de  consumo que contribuíram para pensar os desafios e caminhos possíveis  da relação campo-cidade. Somando na conversa, as Mulheres do GAU – Grupo  de Agricultura Urbana também participou do debate, pensando os desafios em construir a agroecologia na cidade e o enfrentamento do racismo e o machismo. Nesse sentido, foi destacado pelas agricultoras da RAMA e pelas Mulheres do GAU a importância da luta feminista e antirracista como caminho para construir a agroecologia e a agricultura urbana.