No mês de março, a SOF lançou um novo material para formação e reflexão: trata-se da publicação “Mulheres do campo construindo autonomia”. O caderno é resultado de reflexões de mulheres rurais de todo o Brasil sobre a importância de sua produção, com foco nas experiências da comercialização.

O debate dos acúmulos sobre agricultura familiar, agroecologia, autoconsumo, cooperativas, economia solidária, entre outras práticas, é de grande relevância para as mulheres. Elas representam um grande número dentre os produtores, mas possuem ainda mais dificuldade para se inserir no mercado como protagonistas de sua própria produção.

“As mulheres rurais ainda enfrentam muitas barreiras para ter acesso à comercialização e à renda monetária. Ainda existem maridos que ficam com o dinheiro da feira ou o cheque do leite, mulheres que são progressivamente substituídas por homens nos empreendimentos quando vão se tornando rentáveis. E as políticas públicas voltadas para a família fazem com que o limite de acesso aos mercados institucionais seja todo utilizado pela produção de responsabilidade dos homens”, diz Miriam Nobre, agrônoma da equipe da SOF.

Por isso, o caderno traz uma síntese dos desafios e das potencialidades deste trabalho, a partir dos acúmulos das mulheres assentadas e acampadas no sul de Minas Gerais, das mulheres do MST de Alagoas na organização de feiras livres, das mulheres potiguares organizadas na Rede Xique-xique, das mulheres do interior paulista atingidas por barragens e das mulheres que constroem, junto à SOF, uma Assistência Técnica e Extensão Rural no Vale do Ribeira.

Este espaço de reflexão conjunta aconteceu em novembro de 2015, em São Paulo, em um seminário sobre gênero e mercados inclusivos organizado pela SOF junto à Christian Aid, entidade internacional. “Nossa expectativa com esse seminário era de olhar mais de perto o que são essas experiências, entender seus desafios. E pensar por onde podemos avançar, que outros passos podem ser dados no sentido de fortalecer a autonomia econômica das mulheres do campo”, explica Sarah de Roure, da Christian Aid.

No sentido de garantir a autonomia econômica, Miriam completa: “as experiências das mulheres organizadas mostram como combinar a produção para o autoconsumo, a troca com diferentes mercados: feiras, grupos de compra, compras públicas… assim, a autonomia econômica se combina a autonomia pessoal e política. As mulheres se tornam mais fortes, com mais projetos e capacidade de realizá-los”.

Ainda neste semestre, mais um material será lançado, desta vez em vídeo, para colaborar na transmissão destas compreensões coletivas sobre o trabalho das mulheres rurais.

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