Nós, movimentos sociais, organizações políticas, juventudes partidárias, entidades de classe, estamos nas ruas hoje para celebrar a conquista do povo da cidade de São Paulo, que reduziu a tarifa do transporte público. Foram centenas de milhares de pessoas que ao longo de três semanas se mobilizaram e foram às ruas protestar, cantar, tocar — em uma palavra: lutar pela revogação do aumento da tarifa. É com muita ousadia e irreverência que celebramos a vitória e as possibilidades que se abrem a partir dela para transformar o modelo de transporte público da cidade e do país.

Reivindicar a revogação do aumento de vinte centavos e o passe livre tem o sentido de questionar o lucro dos empresários de transporte, bem como de contestar os elevados investimentos de dinheiro público no modelo de transporte individual, a falta de qualidade do transporte coletivo — o que inclui ônibus, metrô e trens — e também como ele é administrado. Reduzir a tarifa é só o pontapé inicial para alterar o modelo do transporte e de mobilidade urbana, afinal o direito de ir e vir não pode ter preço. E é por isso que continuaremos nas ruas!

Estamos nas ruas também para denunciar toda a repressão policial da qual estamos sendo vítimas nos últimos dias. Ficou claro que a violência da Polícia Militar só serviu para proteger os poderosos empresários do transporte e seu lucro. O aparato policial que enfrentou a população de armas em punho e feriu dezenas é o mesmo que cotidianamente ameaça cidadãos pobres, especialmente negros e moradores da periferia, em abordagens truculentas e injustificáveis, que muitas vezes terminam em covardes execuções. O questionamento da legitimidade dos protestos e a violência desproporcional da PM contra manifestantes e a população não são novidade: trata-se de algo que há muito tempo estamos denunciando, que é a criminalização das lutas sociais.

Não aceitamos que nossas manifestações sejam tratadas como crime! Organizar-se politicamente não pode ser tomado como sinônimo de “formação de quadrilha”, pelo contrário: trata-se de um direito previsto na Constituição Federal. A liberdade de manifestação é uma conquista histórica de muitas mulheres e homens que denunciaram o autoritarismo e a falta de democracia. Essa história abriu a possibilidade para que hoje, mais uma vez, o povo ocupe as ruas com suas reivindicações e expectativas de mudanças.

Por isso exigimos o fim dos processos contra os manifestantes presos no dia 11 de junho!

Basta de repressão! Basta de violência policial!

Todas e todos às ruas por um transporte público, gratuito e de qualidade!

BLOCO POPULAR