Nos dias 13 e 14 de junho, 18 mulheres do município de Itaoca, no Vale do Ribeira, interior de São Paulo, participaram de oficinas de trocas de saberes sobre alimentação. As atividades aconteceram no Quilombo do Cangume e no Caraças, dois bairros rurais do município. As mulheres presentes são agricultoras familiares e participam do programa de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), realizado pela SOF desde o início de 2015. A extensão rural realizada considera a combinação entre os diferentes destinos para a produção de alimentos: autoconsumo, troca, doação e venda.

As oficinas contaram com a contribuição da nutricionista Neide Rigo, que tem feito um excelente trabalho de reconhecimento e experimentação com as Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC).

A partir da alimentação e da produção de alimentos saudáveis, as mulheres debateram temas como a mudança nos hábitos alimentares ao longo dos anos, as diferenças entre alimentos naturais e industrializados, conhecimentos tradicionais e os cuidados das mulheres nos seus quintais.

Primeiro dia: rodas de conversa

No dia 13, foi organizada uma roda de conversa com as mulheres do Cangume, uma caminhada pelo bairro e pela horta na casa onde ocorreu a atividade. A conversa tratou dos saberes tradicionais presentes na alimentação das famílias e os alimentos que antes eram usados e atualmente foram deixados de lado.

Foi também um espaço para a troca de conhecimentos sobre a relação entre as plantas e a saúde. As mulheres mostraram plantas, cascas de árvores e folhas que podem ter usos medicinais e comestíveis, e utensílios antigos que passam de geração em geração para facilitar o momento de cozinhar (como, por exemplo, os utilizados para processar a mandioca).

Segundo dia: colher e cozinhar

No dia 14, foi a vez do Bairro do Caraças. a oficina iniciou-se com uma caminhada pelo bairro e pelos quintais. Durante o caminho, as mulheres trocavam seus saberes e colhiam plantas que usualmente não vão para a nossa mesa, mas que são alimentos ricos. Eram eles: mamão verde, coração de banana, palmito da mandioca, ervas e temperos. “Isso porque a gente só caminhou um pouco… imagine se ficássemos mais tempo”, completaram.

Após a caminhada, as mulheres produziram seis tipos de receitas com sobremesa entre muitas gargalhadas, experimentação e curiosidades ao paladar do jeito novo de se colocar na cozinha.

No final, elas expressaram seus aprendizados:

“Não existe comida de rico ou pobre, existe bom ou mau cozinheiro.”

“Eu nunca imaginei que dos matinhos que a gente colheu no caminho iriam sair comidas tão bonitas e gostosas”

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