Desde o início de 2016, diversos movimentos e entidades da América se organizam para as atividades da Jornada Continental pela Democracia e contra o Neoliberalismo. A Jornada já foi lançada em países como Brasil, Uruguai, Argentina e El Salvador, reafirmando o compromisso com os processos democráticos e a resistência ao avanço do neoliberalismo sobre os povos latino-americanos.

Atualmente, as organizações se preparam para uma grande ação descentralizada, que acontecerá no dia 4 de novembro. Em São Paulo a data será marcada por uma plenária aberta de formação, com caráter público e formativo, sobre a resistência contra as transnacionais e os avanços conservadores. Mais informações estarão disponíveis em breve no site Seguimos en lucha.

Também para colaborar com a reflexão coletiva, a SOF e a MMM produziram alguns materiais sobre os desafios feministas nesta conjuntura. Rodaram e disponibilizaram online, em espanhol e em português, o jornal “As mulheres resistem! Desafios para o feminismo em tempos de ofensiva conservadora”, que foi distribuído inclusive no 31º Encuentro Nacional de Mujeres, que aconteceu em outubro em Rosario, na Argentina.

“As empresas transnacionais concentram cada vez mais riqueza e poder, e espalham destruição da natureza, violência e expulsão dos povos do lugar onde sempre viveram. Grandes grupos econômicos controlam as cadeias de valor, desde a extração de matérias-primas, até produção e a distribuição de mercadorias e serviços. (…) O mercado e suas empresas incorporam alguns aspectos do discurso feminista para vender mais produtos em nome do empoderamento individual de cada uma. Empresas como a Avon tentam passar uma maquiagem lilás em sua atuação: falam da saúde das mulheres ou de violência em campanhas de “responsabilidade social empresarial”, ao mesmo tempo que baseiam seus lucros na imposição de padrões de beleza e na exploração de milhões de mulheres que vendem seus produtos e não são consideradas trabalhadoras, ou seja, trabalham sem direitos garantidos.”

Também foi publicado online esta semana o artigo “Medicalização e mercantilização do corpo e da vida das mulheres: uma perspectiva feminista”, de Ana Cristina Pimentel para a série Debates feministas da SOF.

“Nossa hipótese é que essas exigências sobre o corpo e a vida das mulheres estão cada vez mais colonizadas pela biomedicina e a indústria farmacêutica. Tornou-se comum nós pensarmos a respeito de nossas vidas a partir de uma concepção biomédica, assim, nós nos definimos – ou definimos sentidos e sensações – a partir dos hormônios (ou das variações hormonais), dos neurônios e dos genes; nós compreendemos nossos corpos como partes fragmentadas, um corpo cheio de órgãos, que sofrem por si mesmos, nada mais são do que peças isoladas que se articulam, mas também possuem existência própria.”