Nos próximos dias 10 e 11, mulheres de todo o estado de São Paulo e também do Paraná se reúnem no Vale do Ribeira, região localizada na divisa entre os dois estados, para a 4ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres, atividade que acontece de 5 em 5 anos, em mais de 50 países. No Brasil, a Ação Internacional será descentralizada, com a organização de ações regionais por todo o país. A proposta é enraizar o feminismo nos territórios e, assim, fortalecer a luta das mulheres. No município de Registro, a expectativa é reunir mais de 500 mulheres em atividade de formação política e também em um grande ato em defesa dos “territórios das mulheres”.

Diferente de outros anos, em que a Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres uniram mulheres de todo o país em ação única, a edição de 2015 tem o objetivo de enraizar o feminismo nos territórios e, assim, fortalecer a luta das mulheres. O resultado indicará para a construção de dois mapas: um das resistências das mulheres e outro com as alternativas feministas para que elas melhorem as realidades de seus territórios, compostos por seu corpo, pelo lugar onde vivem, trabalham, constroem suas relações comunitárias e lutam diariamente.

No Vale do Ribeira, região do estado de São Paulo muito abandonada pelo poder público, as atividades da Ação Internacional da MMM chamarão as mulheres da região a refletirem e discutirem sua autonomia econômica, além de denunciarem a lógica de controle e mercantilização da natureza. “Afirmaremos a economia solidária, a agroecologia, as experiências, o conhecimento e práticas cotidianas das mulheres da região como caminho alternativo para o modelo vigente de produção, reprodução e consumo”, explica Rosana Rocha, militante local da Marcha Mundial.

Moradora da região, Vera Lucia Oliveira, secretária de Políticas Sociais do Sintravale e Secretária de Políticas para a Mulher da Federação da Agricultura Familiar do Vale do Ribeira, ficou satisfeita em saber que a região receberá a ação. “As mulheres da região tem pouco contato com movimentos que lutam pelas causas das mulheres. Por sua vez, têm muito contato com a opressão em praticamente todos os espaços que convivem, em casa, na roça, na rua”, comenta.

A ação foi construída coletivamente com lideranças femininas da região que, nos encontros temáticos, levantaram os temas que pautam suas lutas cotidianas, como a economia solidária e feminista, a agroecologia, o combate à violência doméstica e à prostituição, a resistência às barragens no Rio Ribeira, a resistência mineradora, a titulação dos quilombos, entre outros.

A expectativa é que a Ação marque a história das mulheres do Vale do Ribeira e fortaleça suas atividades para se unirem e trabalharem em favor de suas lutas e resistências.